13 agosto, 2014

FAM Capítulo III - A Maldição


Canavieiras – BA, maio de 1994.




Meu nome é Selina. Nasci e cresci dentro de uma religião de origem africana . Religião de minha família, mas não a minha. Não acredito muito no que eles seguem ou nos rituais que eles fazem e muito menos em seus deuses. Na escola tive aula de religião e lá aprendi sobre uma outra religião que eu realmente me tocou. Que me trouxe paz. Mas a minha família nunca soube. Eu nunca contei por causa dele. Yuri. Foi a minha grande paixão na infância e quando me tornei mulher ele me enxergou.

Yuri seguia todos os rituais e tradições da nossa cultura, jamais quis conhecer a religião eu queria conhecer, então mantive esse desejo secreto dentro de mim. Quando chegou o momento, nos casamos e eu fui imensamente feliz. Esperava um filho nosso quando tudo mudou.

Ela o tirou de mim. Aquela a quem chamam de Rainha das Águas, Dandalunda, Sereia do Mar. Ela recebe muito nomes inclusive Yara ou Mãe D’água, que são nomes usados em histórias para crianças. Eu não acreditava em nada disso, até que ela veio e fez de Yuri uma de suas vítimas. Ela o seduziu. Fez com que se afogasse no mar depois de usar e abusar dele como um objeto descartável. Eu esperava o nosso primeiro filho. Não consegui suportar. Cada molécula do meu corpo clamava por meu amado marido que aquela criatura levou. Então finalmente recorri ao lado negro da religião de minha família para me vingar. Eu não sabia se daria certo ou não, mas naquele momento eu tinha que fazer alguma coisa. A dor da perda de Yuri fez com que eu perdesse também o nosso filho e eu nunca perdoaria a Yara por isso. Eu queria que ela sofresse. Que pagasse pelo que fez com a própria vida. Deus tentou me impedir, me avisar que teria consequências graves para mim também, mas eu estava tomada pelo ódio. Cega e surda para qualquer outra coisa que não fosse a minha vingança.


" Pela paixão ela o consumiu e pela paixão será consumida"



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